Recentemente, um grande estudo publicado na JAMA Internal Medicine avaliou diferentes modelos de cuidado para pessoas com doenças neurológicas e trouxe uma conclusão reveladora:
➡ As intervenções oferecem mais benefícios aos cuidadores do que aos próprios pacientes.
Mas o que isso significa na prática? E como isso muda a forma como enxergamos o cuidado?
O estudo acompanhou mais de 2 mil famílias para entender o impacto desses modelos na qualidade de vida dos pacientes e na carga emocional dos cuidadores.
Surpreendentemente, os pacientes não apresentaram diferenças significativas na memória, comportamento, funcionalidade ou qualidade de vida dentro do estudo.
Já os cuidadores tiveram melhorias claras:
Mais satisfação com o cuidado recebido
Maior confiança para lidar com os desafios da demência
Sensação de maior apoio e orientação
Ou seja: mesmo sem alterar a progressão da doença, as intervenções ajudaram quem está na linha de frente do cuidado.
Por que os pacientes não melhoram tanto?
A demência é uma doença neurodegenerativa progressiva. Isso significa que, até o momento, não há tratamentos capazes de reverter ou parar a evolução da doença. Por isso, mudanças profundas nos sintomas não são esperadas — mesmo com muita dedicação.
Mas isso não significa que os programas de cuidado sejam inúteis. Pelo contrário:
➡ Eles têm papel crucial para apoiar emocionalmente, orientar e fortalecer o cuidador.
Um cuidador bem orientado e emocionalmente apoiado consegue:
Prevenir crises e comportamentos difíceis
Evitar internações desnecessárias
Reduzir o estresse familiar
Cuidar melhor de si mesmo
Tomar decisões com mais segurança
Melhorar o ambiente de cuidado
No fundo, cuidar do cuidador é uma forma indireta — mas poderosíssima — de cuidar do paciente.
Para quem convive com a demência, o estudo reforça uma verdade importante:
Você não precisa — e não deve — cuidar sozinho.
O peso do cuidado não é apenas físico, mas também emocional e social. Por isso, buscar apoio profissional, grupos de apoio, informações e ferramentas práticas faz toda a diferença.
Fortalecer o cuidador é essencial para garantir um cuidado mais humano, mais seguro e mais sustentável para quem vive com demência.
Se você é cuidador, lembre-se: apoiar você é tão importante quanto apoiar a pessoa que você ama.
Referencial utilizado: SWIFT, Diana. As intervenções ajudam os cuidadores de demência mais do que os pacientes. Medscape, 08 set. 2025. Disponível em: https://www.medscape.com/viewarticle/interventions-help-dementia-caregivers-more-than-patients-2025a1000nnb





