Nos últimos anos, os Cuidados Paliativos têm se tornado uma abordagem cada vez mais essencial no tratamento de pessoas com doenças graves que ameacem a sua vida, gerando sintomas físicos e emocionais intensos, com impacto no seu conforto e dignidade.
Diferente das abordagens médicas tradicionais, focadas principalmente (ou somente) na cura da doença, os Cuidados Paliativos priorizam o alívio do sofrimento, a preservação do seu conforto e o respeito a dignidade, tendo como objetivo maior a promoção da qualidade de vida, tanto para a pessoa acometida pela doença, quanto para suas famílias.
Este cuidado integral envolve uma equipe multidisciplinar que trabalha em conjunto para atender às necessidades físicas, emocionais, sociais e espirituais de cada pessoa, garantindo que a dignidade e os desejos destes sejam respeitados.
Entenda mais sobre o que são Cuidados Paliativos.
Como funcionam os Cuidados Paliativos?
Ao contrário dos cuidados focados somente na cura, que buscam controlar ou eliminar a doença, os Cuidados Paliativos têm como principal objetivo melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias. Isso é feito através de uma abordagem ampla que envolve o controle de sintomas (principalmente a dor), medidas para preservar o conforto, além do apoio psicológico e suporte espiritual.
A filosofia por trás dos Cuidados Paliativos é que cada paciente merece viver o mais confortavelmente possível, independentemente do estágio da doença. Esse tipo de cuidado pode ser oferecido em conjunto com os tratamentos padrões. Em qualquer situação, o foco permanece em proporcionar alívio dos sintomas, conforto e dignidade.
Quando os Cuidados Paliativos são indicados?
Os Cuidados Paliativos podem ser indicados em várias fases de uma doença que ameace a continuidade da vida de uma pessoa, não estando restritos aos estágios avançados.
Eles são particularmente recomendados para pacientes com doenças crônicas progressivas, como insuficiência cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), câncer avançado, demências, entre outras condições que causam sofrimento significativo.
Esses cuidados podem ser introduzidos logo após o diagnóstico de uma doença grave, proporcionando alívio precoce dos sintomas e melhorando a qualidade de vida desde o início do tratamento. Para pacientes com doenças em fase avançada, os Cuidados Paliativos são essenciais para garantir um final de vida com dignidade e o menor sofrimento possível, evitando intervenções médicas invasivas que não trazem benefícios reais para o paciente.
Principais abordagens dos cuidados paliativos
Controle de sintomas e dor
O manejo da dor é um dos componentes centrais dos cuidados paliativos. Isso envolve a administração de medicamentos para o controle da dor, mas também inclui outras intervenções para aliviar sintomas como falta de ar, náuseas, fadiga e outros desconfortos físicos.
A equipe de saúde trabalha com o paciente para ajustar o tratamento conforme necessário, garantindo que ele permaneça o mais confortável possível em casa.
Suporte emocional e psicológico
Além do controle físico dos sintomas, os cuidados paliativos também oferecem suporte psicológico e espiritual. Doenças graves podem gerar um impacto significativo na saúde mental dos pacientes e de seus familiares, causando ansiedade, depressão e medo.
Profissionais como psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeuta, capelão, dentre outros, fazem parte da equipe, oferecendo suporte contínuo.
Suporte espiritual
Para muitos pacientes, questões espirituais tornam-se especialmente significativas durante o enfrentamento de uma doença grave, e é importante diferenciar espiritualidade de religiosidade nesse contexto.
A espiritualidade, de forma ampla, refere-se à busca de significado, propósito e conexão, independentemente de uma prática religiosa formal. Já a religiosidade está mais associada à adesão a doutrinas, rituais e tradições específicas de uma religião organizada.
O suporte espiritual nos Cuidados Paliativos envolve o respeito pelas crenças e valores individuais do paciente, oferecendo conforto e esperança. Isso pode incluir a presença de capelães ou outros líderes religiosos, ou simplesmente oferecer um espaço para que o paciente e sua família possam expressar e explorar suas questões espirituais.
Como a família pode apoiar o paciente
A participação da família no cuidado paliativo é crucial, não apenas para o bem-estar do paciente, mas também para o processo de enfrentamento da doença por parte dos próprios familiares.
Quando uma pessoa enfrenta uma doença grave, o suporte familiar pode ser uma das principais fontes de conforto e força. Esse apoio vai muito além de estar fisicamente presente; envolve uma série de ações, atitudes e comportamentos que contribuem para a qualidade de vida do paciente e para a preservação de sua dignidade.
A seguir, discutiremos algumas maneiras pelas quais a família pode desempenhar um papel significativo no apoio ao paciente:
Comunicação aberta e honesta
Uma das formas mais poderosas de apoio é garantir que a comunicação seja clara e honesta. Enfrentar uma doença grave traz à tona uma série de emoções e preocupações, tanto para o paciente quanto para a família. Quando todos os envolvidos são incentivados a expressar seus sentimentos e desejos livremente, cria-se um ambiente de confiança mútua.
A comunicação clara também ajuda a alinhar as expectativas e garantir que as preferências do paciente sejam respeitadas. É fundamental que o paciente se sinta ouvido e compreendido, e que suas escolhas sejam respeitadas, independentemente de quão difíceis possam ser para a família. Além disso, manter um diálogo constante com a equipe médica é essencial para garantir que todas as decisões sejam tomadas de forma informada, refletindo as vontades do paciente.
Para manter essa comunicação efetiva, a família pode se reunir regularmente para discutir as necessidades do paciente, mudanças no quadro clínico e quaisquer preocupações ou dúvidas que possam surgir. Essas reuniões podem incluir o próprio paciente, sempre que possível, para garantir que ele se sinta parte ativa no processo de cuidado.
Respeitar as vontades do paciente
Respeitar as vontades do paciente é um princípio fundamental nos cuidados paliativos. À medida que a doença progride, o paciente pode tomar decisões difíceis sobre seu tratamento, como optar por interromper terapias agressivas ou escolher medidas que priorizem o conforto e a qualidade de vida.
Esses momentos podem ser emocionalmente desafiadores para a família, que muitas vezes se vê dividida entre o desejo de prolongar a vida e a necessidade de respeitar o desejo do paciente de evitar sofrimento adicional.
É importante que a família compreenda que o respeito às vontades do paciente é uma forma de preservação de sua autonomia e dignidade. Isso pode significar aceitar decisões que vão contra a vontade inicial da família, mas que são cruciais para garantir que o paciente vive seus últimos momentos da maneira que deseja.
A elaboração de diretivas antecipadas de vontade pode ajudar a formalizar essas decisões, proporcionando clareza e orientação tanto para a família quanto para os profissionais de saúde.
Esse respeito também se estende ao reconhecimento dos valores e crenças do paciente. Cada decisão deve refletir não apenas as necessidades médicas, mas também as convicções pessoais e espirituais do paciente, garantindo que seu cuidado seja verdadeiramente personalizado e centrado na pessoa.
Apoio emocional
O suporte emocional oferecido pela família é um dos aspectos mais valiosos nos cuidados paliativos. Estar ao lado do paciente durante os momentos mais difíceis proporciona um conforto incomparável. A simples presença de um ente querido pode oferecer um senso de segurança e alívio que nenhuma intervenção médica consegue substituir.
Ouvir o paciente, permitindo que ele expresse suas emoções, medos e esperanças, é uma parte fundamental desse apoio. É natural que o paciente enfrente uma ampla gama de sentimentos, incluindo tristeza, raiva, medo e até aceitação.
O papel da família é validar esses sentimentos, oferecendo conforto e compreensão, sem tentar forçar uma perspectiva otimista que pode não ressoar com a experiência real do paciente.
Além de ouvir, o apoio emocional envolve também a oferta de gestos de carinho e amor, que podem variar desde o simples toque de mãos até palavras de encorajamento e presença silenciosa.
Esses momentos de conexão ajudam a fortalecer os laços familiares e proporcionam ao paciente a sensação de que ele não está sozinho em sua jornada.
Participação ativa no cuidado diário
A participação ativa no cuidado diário é outra maneira pela qual a família pode apoiar o paciente. Isso pode incluir ajudar com tarefas diárias, como alimentação, higiene pessoal e administração de medicamentos, ou simplesmente estar disponível para atender às necessidades imediatas do paciente.
Embora muitas dessas tarefas possam parecer rotineiras, elas têm um impacto significativo no bem-estar do paciente. Saber que há alguém disposto a cuidar de suas necessidades com carinho e paciência pode reduzir a ansiedade e melhorar a sensação geral de conforto e segurança.
Entretanto, é importante que a família também reconheça seus próprios limites e busque apoio quando necessário.
O papel da tecnologia no suporte a pacientes em cuidados paliativos
A tecnologia tem desempenhado um papel cada vez mais importante no cuidado de pacientes em cuidados paliativos, integrando-se aos princípios centrais dessa abordagem humanizada de tratamento.
Ferramentas como os sistemas de monitoramento de saúde online, como a Monissa, permitem que a equipe de saúde acompanhe a condição do paciente em tempo real, mesmo à distância.
Essa conexão contínua facilita a comunicação entre a equipe de cuidados, o paciente e sua família, assegurando que as necessidades do paciente sejam rapidamente atendidas. A tecnologia também possibilita a identificação e intervenção imediata em qualquer alteração no estado de saúde do paciente, garantindo uma resposta ágil e eficaz.
Como a Monissa oferece no suporte a pacientes em cuidados paliativos
Ao incorporar essas inovações tecnológicas, a MONISSA reforça o objetivo dos cuidados paliativos de promover qualidade de vida, aliviando o sofrimento e oferecendo suporte tanto ao paciente quanto à sua família.
O monitoramento constante proporcionado pela MONISSA oferece aos familiares a tranquilidade de saber que seu ente querido está recebendo o melhor cuidado possível, mesmo quando não podem estar presentes fisicamente.
Dessa forma, a MONISSA complementa e fortalece o princípio fundamental dos cuidados paliativos: tratar o paciente de maneira integral, respeitando sua dignidade e assegurando conforto em todas as etapas da doença.
REFERÊNCIAS:
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